Os principais indicadores do mercado financeiro brasílico caminham para fechar o primeiro trimestre deste ano com o melhor desempenho para o período desde 2022, sustentados pela maior ingressão de verba estrangeiro e a percepção de que os ativos brasileiros estão com preços bastante descontados.
Analistas ouvidos pela CNN também citam expectativas de conforto nos juros e projeções de alternância no governo porquê fatores que entusiasmaram os investidores neste início de ano.
O Ibovespa encerrou a última semana com lucro aglomerado de 9,6%, devolvendo a maior secção das perdas somadas em 2024, quando recuou 10,3%, mostram dados da Elos Ayta Consultoria.
Na direção oposta, o dólar Ptax — calculado pelo Banco Medial (BC) — desvalorizou quase 6,9% entre janeiro e março, a R$ 5,766 na venda.

Maior fluxo internacional
O verba de investidores internacionais na bolsa brasileira é citado porquê um dos principais pontos para a melhora dos indicativos.
Dados da B3 comprovam esse cenário: entre janeiro e março deste ano, o mercado de ações do Brasil registrou a ingressão de R$ 12 bilhões, até a última sexta-feira (28).
No mesmo período do ano pretérito, o resultado era o oposto, com a saída de quase R$ 23 bilhões.
Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, explica que esse movimento é revérbero da rotação do verba global, principalmente com a saída de capital dos Estados Unidos em meio às incertezas geradas pela política tarifária de Donald Trump.
O temor de recessão na maior economia do mundo ganhou musculatura nas últimas semanas, principalmente posteriormente recentes declarações do republicano sobre os efeitos das novas diretrizes tarifárias.
Em complemento ao cenário dos EUA, investidores buscam oportunidades em países emergentes, sobretudo em meio ao impulso fiscal, porquê no Brasil e na China.
“Combina uma provável recessão americana, que aumentou muito a verosimilhança, com todos esses estímulos, tanto fiscais quanto a subida de taxa de juros. Isso acaba fazendo com que esse verba vá para os emergentes e, por exemplo, o Brasil é um fado”, explica.
Ações descontadas
O desempenho nos primeiros meses de 2025 vai na direção oposta ao observado em 2024, sobretudo na secção final do ano, com a bolsa encerrando inferior dos 120 milénio pontos, enquanto o dólar era negociado ao volta da máxima histórica, próximo de R$ 6,20.
Rodrigo Simões, economista e professor da Faculdade do Negócio da Associação Mercantil de São Paulo (FAC-SP), aponta para esse período de possante descrédito dos ativos domésticos porquê uma das bases para a recuperação.
Ele ressalta a atratividade dos ativos da bolsa brasileira, mesmo em meio uma de política monetária mais restritiva, com a Selic se mantendo em dois dígitos desde fevereiro de 2022.
“Apesar de todo esse tempo que nós tivemos de juros altos até hoje cá no Brasil, tem muitos ativos com bons preços na bolsa de valores”, afirma.
Saadia indica o mesmo caminho, reforçando que o valor medido pelo preço sobre lucro (P/L) estava em patamares historicamente baixos, sustentando o movimento de reajuste visto nos últimos meses.
Juros e eleições no radar
Os economistas também apontam o movimento de antecipação por secção do mercado de uma verosímil queda dos juros e alternância no comando do país.
Na seara da política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) já sinalizou a desaceleração da alta dos juros a partir do próximo encontro, em maio, posteriormente três altas seguidas de um ponto, trazendo a Selic ao patamar de 14,25% ao ano.

Apesar de ainda prever ajustes que levarão a taxa básica ao pico e 15% ainda neste ano, o mercado já antevê a reversão do ciclo de subida a partir de 2026, com os juros recuando ao patamar de 12,5%, segundo dados do Boletim Focus.
Segundo Simões, esse quadro de conforto dos juros é justificado por sinais — mesmo que pequenos — de esfriamento da inflação.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) desacelerou a 0,64% em março, diante de salto de 1,23% em fevereiro — o maior patamar para o mês desde 2016.
O mercado também enxerga que o indicador vá perder força ao longo deste ano, encerrando em 5,65% — apesar de ainda estourar o teto da meta perseguida pelo BC —, e continuará a trajetória de queda em 2026.
“Faz com que os investidores não olhem somente para ativos de renda fixa, mas comecem também a olhar para os ativos de renda variável, com um pouco mais de risco”, explica o professor da FAC-SP.
A expectativa de mudanças na transporte do país também dá base para a melhora dos ativos, afirma Saadia, da Nomos.
Segundo ele, levante movimento é observado desde o início do ano, porquê declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não garantir que irá concorrer à reeleição em 2026 e que só entrará novamente na corrida se estiver “100% de saúde”.
Além da incerteza sobre a posição do petista no próximo ano, Saadia também aponta para a queda da popularidade de Lula nas pesquisas porquê fator que mexeu com os ânimos do mercado nos últimos meses.
“Essa popularidade muito baixa faz com que o mercado enxergue a questão fiscal um pouco melhor para pós-2026 com essa alternância de governo, e, obviamente, as pessoas acabam se antecipando a uma provável subida que pode sobrevir na bolsa”, explica.