Em seguida duas sessões mais favoráveis aos ativos brasileiros, o dólar fechou esta terça-feira (15) em subida, se reaproximando dos R$ 5,90, em um pregão marcado pelo progressão da moeda norte-americana diante de boa segmento das demais divisas no exterior, enquanto a bolsa caiu, à medida que os investidores continuam em procura de nitidez sobre as políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A moeda norte-americana encerrou em subida de 0,66%, cotada a R$ 5,8909, em um dia aparentemente mais descansado nos mercados globais. Na segunda-feira (14), o dólar à vista fechou em baixa de 0,30%, a R$ 5,8520. Em abril, a lema acumula elevação de 3,22%.
O Ibovespa, referência do mercado acionário brasílio, fechou o dia no cenário negativo, em queda de 0,16%, nos 129.245,39 pontos.
Nas duas últimas sessões, o dólar havia amontoado um recuo de 0,80%, em meio à procura dos investidores por ativos de maior risco, passada a turbulência inicial causada pela guerra de tarifas entre EUA e alguns de seus principais parceiros comerciais, uma vez que a China.
Esta terça-feira, conforme profissionais ouvidos pela Reuters, foi de ajustes técnicos das cotações no Brasil.
“É um dia de correção. Vimos o dólar perdendo força nos últimos pregões, mas ainda continua essa incerteza em relação ao tarifaço”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, profissional em câmbio da Manchester Investimentos. “Não imagino o mercado com viés de queda para levante dólar, oferecido todo o contexto das tarifas”, acrescentou.
Bolsa Ásia
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em subida nesta terça, em meio à esperança de novo conforto nas tarifas dos EUA.
O nipónico Nikkei subiu 0,84% em Tóquio, a 34.267,54 pontos, e o sul-coreano Kospi avançou 0,88% em Seul, a 2.477,41 pontos, com ambos os índices impulsionados por ações de montadoras.
O Hang Seng teve subida mais modesta em Hong Kong, de 0,23%, a 21.466,27 pontos, enquanto o Taiex apresentou desempenho mais possante em Taiwan, com progressão de 1,77%, a 19.857,67 pontos.
Na China continental, os mercados ficaram sem direção única em meio às incertezas da guerra mercantil entre Pequim e Washington. O Xangai Formado avançou 0,15%, a 3.267,66 pontos, mas o menos abrangente Shenzhen Composite recuou 0,19%, a 1.899,89 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul pelo segundo pregão sucessivo, com subida de 0,17% do S&P/ASX 200 em Sydney, a 7.761,70 pontos.
Bolsa Europa
As bolsas europeias operam em subida na manhã desta terça, lideradas por ações do setor automotivo, em meio à esperança de novo conforto na política tarifária dos EUA.
Por volta das 6h45 (de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx 600 avançava 1,09%, a 505,34 pontos. Exclusivamente o subíndice de montadoras e autopeças tinha subida de 2%.
Já o índice ZEW de expectativas econômicas da Alemanha despencou para -14 em abril, vindo muito aquém das expectativas, em meio às incertezas comerciais deflagradas pelas tarifas do governo Trump.
Às 7h (de Brasília), a Bolsa de Londres subia 0,92%, a de Paris avançava 0,31% e a de Frankfurt ganhava 1,21%. Já as de Milão, Madri e Lisboa tinham altas de 1,53%, 1,45% e 0,88%, respectivamente.
Contexto internacional
A baixa volatilidade no mercado de câmbio pátrio refletia uma firmeza maior nas cotações de pares do real frente ao dólar, com a moeda norte-americana em ligeiro baixa diante de o peso mexicano e o rand sul-africano.
Por trás da calmaria está a espera dos investidores por novidades em relação à política mercantil dos EUA, que tem sido justamente o principal fator de volatilidade nos preços de ativos nas últimas semanas.
Em meio às constantes ameaças e recuos de Trump com suas tarifas de importação, agentes financeiros estão buscando nitidez nas medidas do presidente norte-americano, que continua sinalizando sua intenção de impor taxas sobre mais setores específicos.
Em sua mais recente enunciação sobre o tema, Trump disse na véspera que espera impor tarifas sobre produtos farmacêuticos importados em um porvir não muito distante. Ele também havia indicado no termo de semana que deseja implementar taxas sobre as importações de semicondutores.
As falas, no entanto, tinham pouco impacto sobre as negociações do mercado nesta terça.
A incerteza ainda cresce devido à aparente disposição de Trump de volver ou flexibilizar suas medidas diante de pressões. Na sexta-feira, por exemplo, o governo forneceu exclusões tarifárias para uma série de produtos eletrônicos, incluindo importações vindas da China.
Trump também já havia autorizado uma pausa de 90 dias para suas tarifas recíprocas sobre vários países a termo de penetrar espaço para negociações comerciais.
“O envolvente internacional é de maior otimismo depois de a Lar Branca anunciar uma isenção sobre as sobretaxas chinesas para produtos eletrônicos, mas o envolvente ainda é de muita incerteza e instabilidade por conta de uma postura muito inconsistente em relação às tarifas de importação”, disse Leonel Oliveira Mattos, comentador de perceptibilidade de mercado da StoneX.
Os investidores ainda temem novas escaladas na guerra mercantil entre EUA e China, que vêm se intensificando desde o pregão das tarifas do “Dia da Libertação” em 2 de abril, com ambos os lados respondendo ações do outro com retaliações.
Cenário pátrio
Com o foco maior no cenário internacional, dados e notícias na cena doméstica têm sido deixados de lado recentemente, conforme os agentes ponderam uma vez que o impasse tarifário no exterior pode prejudicar a própria economia brasileira.
“Do nosso lado político, o fiscal ainda preocupa, mas uma vez que estamos passando dias com o cenário extrínseco mais conturbado, o interno tem feito menos preço”, disse Matheus Massote, profissional em câmbio da One Investimentos.
Na sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o projeto de lei que permite que o governo imponha retaliações comerciais a países que adotarem medidas unilaterais contra o Brasil.
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*Com informações da Reuters