O dólar disparou na sessão desta terça-feira (8), com a aversão ao risco, enquanto investidores retiravam verba em procura de ativos mais seguros. O Brasil sofreu mais, por sua proximidade com a China, que deve ser fortemente impactada pelas tarifas de Donald Trump.
Ao término do pregão, a moeda norte-americana registrava subida de 1,49%, cotada a R$ 5,9985, maior valor de fechamento desde 21 de janeiro deste ano, quando encerrou a R$ 6,0313. A mote chegou a desancar R$ 6 na máxima.
Já o Ibovespa fechou em queda de 1,32%, a 123.931,89 pontos. Nas ações, Vale e Petrobras figuram entre as maiores pressões negativas em meio ao declínio dos preços do minério de ferro e do petróleo no exterior.
Os Estados Unidos confirmaram, na tarde desta terça-feira (8), que aplicará uma nova tarifa contra a China.
A medida ocorre depois o gigante asiático não satisfazer o pedido do presidente donald Trump de voltar detrás com as taxas retaliatórias de 34% anunciadas na semana passada.
Nos EUA, o índice S&P 500 fechou inferior da marca de 5.000 pontos pela primeira vez em quase um ano, depois da sessão volátil desta terça-feira e de uma possante valorização dos papeis pela manhã, com esperanças de investidores se esvaindo em relação a quaisquer adiamentos ou concessões iminentes dos Estados Unidos em relação às tarifas.
O Nasdaq recuou 2,15%, aos 15.267,91 pontos; o S&P 500 caiu 1,57%, aos 4.982,77 pontos; e o Dow Jones perdeu 0,84%, aos 37.645,59 pontos.
Bolsas da Europa e Ásia se recuperam
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em subida nesta terça, recuperando-se parcialmente dos tombos que sofreram no pregão anterior em meio a preocupações com os efeitos do tarifaço do governo Trump, embora as tensões comerciais persistam.
O índice nipónico Nikkei subiu 6,03% em Tóquio, a 33.012,58 pontos, seu melhor desempenho quotidiano desde 6 de agosto do ano pretérito. Já o Hang Seng avançou 1,51% em Hong Kong, a 20.127,69 pontos, revertendo unicamente uma fração da drástica queda de tapume de 13% que sofreu ontem.
Na Europa, as bolsas também fecharam em subida, depois acumularem perdas nos quatro pregões anteriores. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em subida de 2,72%, a 486,91 pontos, depois de desabar mais de 12% nas últimas quatro sessões.
Contexto internacional
A política mercantil dos EUA continua sendo no foco dos mercados desde que o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na semana passada a imposição de tarifa de 10% sobre as importações ao Brasil, que entrou em vigor no sábado, e taxas mais altas para alguns parceiros, que serão implementadas na quarta.
Por três sessões consecutivas, os investidores demonstravam enorme aversão ao risco, uma vez que temem que as medidas comerciais possam desencadear uma guerra mercantil ampla, o que poderia provocar a aceleração da inflação global e uma recessão econômica em diversos países.
Mas nesta terça-feira, os agentes financeiros demonstravam um claro consolação, já que notícias recentes mostraram que alguns países estão preparados para negociar as tarifas com os EUA, evitando novas escaladas nas tensões comerciais.
O destaque era o Japão, sobre quem Trump afirmou na segunda que está enviando uma equipe para discutir as relações comerciais. O país asiático ainda anunciou nesta terça que seu ministro da Economia, Ryosei Akazawa, liderará as negociações pelo lado nipónico.
Na Europa, ministros da União Europeia concordaram na véspera em priorizar as negociações dos EUA, mesmo que a Percentagem Europeia tenha anunciado no mesmo dia planos para retaliar as medidas implementadas pela maior economia do mundo.
“Embora a UE permaneça ocasião a negociações — e prefira fortemente — não vamos esperar indefinidamente”, disse o comissário europeu de Negócio, Maros Sefcovic, acrescentando que o conjunto avançaria com contramedidas.
A mote norte-americana ainda recuava perante pares do real, uma vez que o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
Por outro lado, o otimismo nos mercados contava com uma ração de cautela, à medida que Trump também escalou as tensões com a China na segunda-feira, ameaçando a segunda maior economia do mundo com tarifas adicionais caso Pequim não abandone as medidas retaliatórias contra as taxas dos EUA.
Cenário no Brasil
Na cena doméstica, dados do Banco Medial mostraram mais cedo que a dívida bruta do Brasil registrou alta em fevereiro, quando o setor público consolidado brasílio apresentou déficit primitivo muito menor do que o esperado.
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*Com informações da Reuters