(Reprodução Dazed/VEJA)
O rapper Oruam acusou a Osklen de racismo depois a marca remover de suas redes sociais uma publicação que destacava sua participação no editorial. Vestido com peças da grife brasileira Osklen, ele apareceu nas páginas da revista britânica Dazed, uma das publicações de tendência mais prestigiadas do mundo. No entanto, o que era para ser comemorado porquê um símbolo de representatividade tornou-se intuito de polêmica.
Em um vídeo divulgado em seu perfil no Instagram, o artista desabafou: “Para mim, isso é o racismo gravado na sociedade que muitas pessoas não veem”. Segundo ele, a decisão da empresa foi motivada por comentários preconceituosos que questionavam sua presença na revista e sugeriam que “outros artistas seriam mais aptos a simbolizar o Brasil”.
A Osklen, por sua vez, alegou que a sessão fotográfica não fazia secção de uma campanha solene e que havia exclusivamente compartilhado, de forma pontual, a aparição de seus produtos na revista. Diante da “repercussão negativa”, optou por extinguir a postagem. “Retiramos o post do ar, pois entendemos que a publicação trouxe leituras divergentes em relação ao nosso objetivo”, escreveu a marca em nota.
A resposta não convenceu o rapper nem secção significativa do público, que viu no gesto um incidente clássico de racismo estrutural, aquele que não se manifesta em xingamentos explícitos, mas em gestos sutis de exclusão.
Oruam tem mais de 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Suas letras falam das contradições da vida nas favelas e do sistema penal. Ele foi citado em propostas de lei que tentam criticar músicas com suposta apologia ao transgressão e, recentemente, defendeu publicamente o MC Poze do Rodo, recluso por apologia ao transgressão.